sexta-feira, 13 de julho de 2012
As cafeteiras nasceram na França
O consumo de café na Europa remonta ao final do século XVII, quando os turcos chegaram a Veneza. Os otomanos já tinham o café como um de seus hábitos e o produto passou também a ser apreciado pela população local. Porém, os otomanos tomavam café por infusão: jogava-se água fervente em uma xícara, na qual havia café moído. Com o sabor que não agradava o paladar de todos, buscou-se inovações no preparo do produto.
No final do século seguinte, François Antoine Descroisilles, um farmacêutico francês, inventou a cafeteira, que possuía dois recipientes separados e que permitia que um filtro ficasse entre a água e o café. Anos mais tarde, Antoine Cadet de Vaux, um químico francês, inventou a cafeteira de porcelana. Outra revolução na forma de fazer café só foi observada no final da segunda guerra mundial, quando Achille Gaggia, inventor italiano, criou a máquina de café expresso.
quarta-feira, 11 de julho de 2012
O céu azul sobre o telhado
repousa em calma.
Uma árvore sobre o telhado
balança a palma.
A voz de um sino mansamente
ressoa no ar.
Um passarinho mansamente
põe-se a cantar.
Meu Deus, meu Deus, esta é que é a vida
simples, tranqüila,
como o rumor suave de vida
que vem da vila.
-Tu que aí choras, que é que fizeste,
dize, em verdade,
tu que aí choras, que é que fizeste
da mocidade?
Paul Verlaine
Trad -Onestaldo de Pennafort
Chora em meu coração
como chove lá fora.
Porque esta lassidão
me invade o coração?
Oh! ruido bom da chuva
no chão e nos telhados!
Para uma alma viúva,
oh! o canto da chuva!
E chora sem razão
meu coração amargo.
Algum desgosto? - Não!
É um pranto sem razão.
E essa é a maior dor,
não saber bem por que,
sem ódio sem amor,
eu sinto tanta dor.
Paul Verlaine
Tradução de Onestaldo Pennafort
Poema dos olhos da amada
“Ô bien-aimée,
quels yeux tes yeux!
Embarcadères la nuit,
bruissant de mille adieux
des digues silencieuses
qui guettent les lumières.
Loin... si loin dans le noir…
Ô bien-aimée,
quels yeux... tes yeux!
Tous ces mystères dans tes yeux!
Tous ces navires, tous ces voiliers…
Tous ces naufrages dans tes yeux!
Ô ma bien-aimée aux yeux païens…
Un jour, si Dieu voulait,
un jour... dans tes yeux…
Je verrais de la poésie,
le regard implorant...
Ô ma bien-aimée,
quels yeux... tes yeux!
Vinicius de Moraes
La rose D'Hiroshima
Pensez aux enfants
Muets télépathiques
Pensez aux fillettes
Aveugles tâtonnantes
Pensez aux femmes
Déchirées altérées
Pensez aux blessures
Comme des roses chaudes
Mais n’oubliez pas
La Rose la rose
Rose d’ Hiroshima
La rose héréditaire
Rose radio-active
Stupide estropiée
La rose à la cirrhose
L’ anti-rose atomique
Sans couleur sans parfum
Sans rose sans rien
Vinicius de Moraes
Meditação
A gente começa a amar
Por simples curiosidade,
Por ter lido num olhar
Certa possibilidade.
E como, no fundo, a gente
Se quer muito bem,
Ama quem a ama somente
Pelo gosto igual que tem.
Pelo amor de amar começa
A repartir dor por dor.
E se habitua depressa
A trocar frases de amor.
E, sem pensar vai falando
De novo as que já falou...
E então continua amando
Só porque já começou.
Paul Geraldy -França-
Tradução de Guilherme de Almeida
O ruido dos cafés; a lama das calçadas;
os plátanos pelo ar desfolhando as ramadas;
o ônibus, furacão de rodas e engrenagens,
enlameado, a ranger num rumor de ferragens
e girando o olho verde e rubro das lanternas;
os operários a caminho das tavernas,
com os cachimbos à boca a afrontarem os guardas;
paredes a ruir; telhados de mansardas;
sarjetas pelo chão resvaladiço e imundo, -
tal meu caminho, - mas com o paraíso ao fundo.
Paul Verlaine
Tristeza
Eu perdi minha vida e o alento,
E os amigos, e a intrepidez,
E até mesmo aquela altivez
Que me fez crer no meu talento.
Vi na Verdade, certa vez,
A amiga do meu pensamento;
Mas, ao senti-la, num momento
O seu encanto se desfez.
Entretanto, ela é eterna, e aqueles
Que a desprezaram - pobres deles! -
Ignoraram tudo talvez.
Por ela Deus se manifesta.
O único bem que ainda me resta
É ter chorado uma ou outra vez.
Alfred de Musset-França-
Tradução de Guilherme de Almeida
Le mirroir d'un moment
Il dissipe le jour,
Il montre aux hommes les images déliées de l’apparence,
Il enlève aux hommes la possibilité de se distraire.
Il est dur comme la pierre,
La pierre informe,
La pierre du mouvement et de la rue,
Et son éclat est tel que toutes les armures, tous les
masques en sont faussés.
Ce que la main a pris dédaigne même de pendre la
forme de la main,
Ce qui a été compris n’existe plus,
L’oiseau s'est confondu avec le vent,
Le ciel avec sa vérité,
L’homme avec sa realité.
Paul Eluard
terça-feira, 3 de julho de 2012
Cosmogonie du poète
Le matin je m’ assombris
De jour je fais tard
Le soir je fais jour
De nuit je brûle
A l’ouest la mort
Contre qui je vis
Prisionier du sud.
L’ Est est mon nord.
D’ autres égrènent
Pas aprés pas:
Je meurs hier
Je nais demain
Je vais où il y a de l’ espace
Mon temps est quand.
Vinicius de Moraes
segunda-feira, 2 de julho de 2012
Em surdina
Calmo, na paz que difunde
a sombra dos altos ramos,
que o nosso amor se aprofunde
neste silêncios em que estamos.
Coração, alma e sentidos
se confundam com estes ais
que exalam, enlanguescidos,
medronheiros e pinhais.
Fecha os olhos mansamente
e cruza as mãos sobre o seio.
Do teu coração dolente
afasta qualquer anseio.
Deixemo-nos enlevar
ao embalo desta brisa
que a teus pés, doce, a arrulhar,
a relva crestada frisa.
E quando a noite sombria
dos carvalhos for baixando,
o rouxinol a agonia
da nossa alma irá cantando.
Paul Verlaine
Soleils couchants
Une aube affaiblie
Verse par les champs
La mélancolie
Des soleils couchants.
La mélancolie
Berce de doux chants
Mon coeur qui s'oublie
Aux soleils couchants.
Et d'étranges rêves
Comme des soleils
Couchants sur les grèves,
Fantômes vermeils,
Défilent sans trêves,
Défilent, pareils
À des grands soleils
Couchants sur les grèves.
Paul Verlaine
Le ciel est, par-dessus le toit,
Si bleu, si calme !
Un arbre, par-dessus le toit,
Berce sa palme.
La cloche, dans le ciel qu'on voit,
Doucement tinte.
Un oiseau sur l'arbre qu'on voit
Chante sa plainte.
Mon Dieu, mon Dieu, la vie est là,
Simple et tranquille.
Cette paisible rumeur-là
Vient de la ville.
- Qu'as-tu fait, ô toi que voilà
Pleurant sans cesse,
Dis, qu'as-tu fait, toi que voilà,
De ta jeunesse ?
Paul Verlaine
domingo, 1 de julho de 2012
Spleen
Spleen no vocabulário do romantismo é sinônimo de melancolia, tédio profundo. A palavra inglesa vem do grego splenikos, o baço, que era considerado pela medicina antiga como uma das sedes dos humores, das emoções. Os românticos fizeram do spleen um estado de espírito. Mas niguém usou tanto a palavra quanto Baudelaire, no título de uma seção de 'As Flores do Mal', 'Spleen e Ideal', de quatro poemas, e do livro de poemas em prosa, 'Spleen de Paris'.
Spleen no sentido baudelairano continua em uso na França.
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