domingo, 17 de abril de 2016
Primavera em Paris
Era uma vez um cego sentado na calçada. Essa calçada não era uma calçada qualquer.
Era em Paris!
Aos pés dele havia um boné vazio e uma tabuleta onde estava escrito:
"Por favor, ajude-me, sou cego".
Um publicitário, da área de criação, que passava em frente a ele, parou e viu umas poucas moedas no boné. Sem pedir licença, pegou o cartaz, virou-o, pegou o giz e escreveu outro anúncio.
Voltou a colocar o pedaço de madeira aos pés do cego e foi embora.
Pela tarde, o publicitário voltou a passar em frente ao cego que pedia esmola. Agora, o seu boné estava cheio de notas e moedas.
O cego reconheceu as pisadas e lhe perguntou se havia sido ele quem re-escreveu seu cartaz, sobretudo querendo saber o que havia escrito ali.
O publicitário respondeu:
"nada que não esteja de acordo com o seu anúncio, mas com outras palavras".
Sorriu e continuou seu caminho.
O cego nunca soube, mas seu novo cartaz dizia:
"É primavera em Paris, mas eu não posso vê-la".
E essa frase tocou a alma dos que por ali passavam...
A borboleta e a flor
A pobre flor disse à borboleta: não fujas!
Olha como os nossos destinos são
diferentes:
Eu fico, e tu vais embora!
E, todavia, amamo-nos,
Vivemos sem os homens, longe deles.
Somos parecidas:
Dizem que ambas somos flores!
Mas, infelizmente,
O ar leva-te e a terra prende-me.
Destino cruel!
Quisera eu perfumar o teu vôo,
Com aroma no céu.
Mas não, andas demasiado longe,
A esvoaçar por entre as flores.
Foges, e eu fico sozinha
A ver a minha própria sombra
Girar aos meus pés.
Foges, depois voltas,
Vais-te embora outra vez,
E brilhas algures!
Por isso me encontras sempre,
Em cada madrugada,
Orvalhada em lágrimas!
Ah! Afim que o nosso amor possa
Viver dias de felicidade,
Raínha minha,
Ganha raízes como eu,
Ou dá-me asas como tu!
Victor Hugo
A tradição de desfolhar os malmequeres começou na Idade Média. Se um cavalheiro andasse com um malmequer sem uma pétala, queria dizer que já tinha escolhido a sua dama.
Na França, as margaridas desfolham-se assim:
il/elle m'aime, un peu, beaucoup, passionément, à la folie, pas du tout.
Aqui, dizemos: bem-me-quer, mal-me-quer...
« Je suis un brave cueilleur de fleurs, qui souhaite le bonjour à vos beaux yeux. »
Alfred de Musset
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